Trama Oficial - Dois mundos

    O ano era 1989 quando o mundo testemunhou e celebrou ao som de martelos de demolição a derrocada do maior símbolo da divisão de nações causada pelos conflitos ideológico-econômicos trouxas.


    O bruxo irlandês Damian Hightower havia maquinado cada passo necessário para a materialização do futuro que desejava. Qualquer êxito de seus planos se originaria na legitimação daqueles convidados, seus primeiros asseclas, obtidos não apenas pelo prestígio social que lhes fornecia ou pelo poder de sua indistinta linhagem sanguínea... Mas conquistados pela paixão e pelo carisma que empenhava à causa a qual jurou sua vida.

    Em sua mente, via um adolescente Hightower caminhando recém transferido pelos corredores de Hogwarts, logo após ser vir transferido de Durmstrang, onde o estudo da execução e elaboração de maldições lhe haviam fascinado profundamente. O jovem suspeitava que neste tabu mágico residiam as respostas que poderiam conduzir à evolução das ciências místicas.... Desde que as restrições sociais e principalmente, ministeriais, não existissem.
 
    Nos anos subsequentes à sua epifania, Damian Hightower tornou-se o rosto de um movimento político que desde a noite de 09 de novembro de 1989 atentou ferrenhamente contra os pilares do establishment Ministerial na sociedade mágica do Reino Unido, escrevendo um novo significado ao título Bruxo das Trevas, designado agora a todo e qualquer bruxo, praticante ou não de Magia Negra, que fizesse oposição aberta à “ditadura velada e a opressão do Ministério da Magia”.

    Entretanto, suas grandes ambições foram rivalizadas por um líder tão carismático, poderoso e politicamente hábil quanto Hightower... O Ministro da Magia Magnus Flarecrown.

    Flarecrown articulou-se eficientemente para ocupar com apoio quase absoluto, o posto mais alto do Estado Britânico enquanto a ameaça organizada representada na célula “terrorista” que passou a ser conhecida por Torre Negra não fosse definitivamente neutralizada.

    Quinze anos de repressões, polarização, negligência transformaram o Reino Unido numa bomba relógio prestes a explodir numa guerra civil.... Que numa rara concessão mútua de direitos e ideias, foi resolvida diplomaticamente, da única maneira pacífica possível à época.

    Em momento único da história mágica global, Flarecrown encerrou toda atividade política ministerial no território irlandês (tanto nortenho quanto sulista), outorgando à Damian Hightower o controle institucional da região, autorizando aos cidadãos mágicos que assim quisessem, lá residissem, sobre o julgo de Hightower, bem como anistia dos crimes cometidos em território Inglês e Escocês. Em troca, disto, os anistiados enfrentariam severas sanções caso retornassem sem autorização especial ao território do Novo Reino Unido, bem como os cidadãos que se mantivessem leais ao Ministério fossem todos remanejados para os territórios ainda pertencentes ao Ministério da Magia.


    O colégio de Hogwarts foi mantido como a escola padrão e principal para os jovens bruxos nascidos nessa nova configuração geopolítica, como um símbolo do acordo firmado, um constante lembrete da história comum que seus descendentes possuíam.
Mais dez anos passaram-se, sem que notícias do que agora era chamado Império Irlandês chegassem ao continente, bem como as aparições públicas do mais uma vez Ministro Flarecrown, eleito agora com a proposta e o desafio de recuperar a confiança institucional de seus cidadãos, começaram a tornar-se incomuns. Os cidadãos do Novo Reino Unido começavam a se rearticular para seguirem suas vidas, com a reparação dos danos estruturais e morais causados.


    Na manhã de 15 de fevereiro de 2020, a luz da alvorada iluminava um objeto disforme nas escadarias do St. Mungus. Nada além de um mendigo adormecido, que ali deveria ficar sem receber a devida atenção.... Até que gritos de horror e surpresa rompessem o silêncio, abalando a estrutura do mundo que aparentemente, era conhecido.

    Erguendo-se da figura aparentemente adormecida, uma estaca começa a pairar no ar, levitando leve como uma nuvem de verão.... Que carregava um corpo empalado e decapitado. Cravado na ponta da estaca, uma cabeça suja de poeira e sangue jaz cravada até quase o final, revelando o assassinato de Magnus Flarecrown.

    Neste mesmo dia 15 de fevereiro, de Dublin, uma imagem diferente é vista pelos cidadãos. Uma cruz fora erguida em praça pública, numa manifestação religiosa comum à um país majoritariamente Católica Apostólica Romana. Entretanto, um acessório incomum ornamentava ao objeto: uma suposta estátua em tamanho real, extremamente bem-feita, retratando o Imperador Hightower com o cordeiro que sacrificado, deveria vencer a morte como o mítico Jesus assim o fez.

    As pessoas admiravam-se dos detalhes entalhados na estátua, até transformarem a admiração em pavor e pânico. No instante que a petrificação cessou, toda tentativa de respirar fazia com que os cortes entre as costelas do que devia ser a estátua jorrassem seu sangue.

    As semanas seguintes lançaram tanto o Império da Irlanda quanto o Novo Reino Unido transforaram-se novamente em caos. Os membros da Torre Negra simplesmente não foram capazes de achar um nome de coalisão para a ocupação do cargo de Hightower. A burocracia e a incerteza no Novo Reino Unido afetaram tanto os eleitores quanto possíveis candidatos, recusando-se todos tanto a votar quanto disputarem o pleito, enquanto também buscam um nome capaz de reunir o apoio necessário para eleger-se, direta ou indiretamente.

    E enquanto o caos volta a pavimentar o caminho da insegurança e do pânico, o legado pacífico de Flarecrown e Hightower encontra-se ameaçado por àqueles que desejaram sangue quinze anos atrás, e que agora, o desejam novamente. Quem serão os capazes de ocupar os lugares dos mais hábeis, influentes e poderosos bruxos do século anterior, ainda é uma incógnita a sanar.